Conexões neurônicas babelísticas

Eu falo um idioma fluentemente (português), tenho conhecimentos avançados em outro (inglês), conhecimentos razoáveis em outro (alemão), conhecimentos básicos em outro (francês) e arranho alguma coisa em alguma habilidade (leitura/audição/escrita/fala) em outros quatro (russo, espanhol, italiano, latim). Quando comecei a estudar alemão na faculdade eu sofria com as vozes em inglês e francês na minha cabeça se misturando com o guten Abend e o schönes Wochenende que a professora falava, mas isso faz doze anos. De lá pra cá as coisas pioraram um pouco.

O papo em um grupo de amigos foi parar na Marselhesa depois de outro assunto que por motivos de “não é relevante” não será apresentado. Caso é que alguém citou a palavra Marselhesa e eu respondi com um trechinho do ilustre hino da França.

Aux armes, citoyens, marchons, marchons!

E vida que segue. Mais tarde o assunto voltou à baila quando o Hino da Independência foi citado com sua respectiva primeira estrofe. O foco era na semelhança musical entre a Marselhesa e o hino composto por Dom Pedro I, com letra de Evaristo da Veiga.

Já podeis, da pátria, filhos
Ver contente a mãe gentil

Daí eu puxei pela memória o começo do hino pra comparar mentalmente com a Marselhesa.

Союз нерушимый республик свободных
Сплотила навеки Великая Русь.

Esse não é a Marselhesa, vamos tentar de novo.

Sojuz nerušimyj respublik svobodnyh
Splotila naveki velikaja Rusj!

Esse não é a Marselhesa, vamos tentar mais uma vez.

Soyuz nyerushimyi ryespublik svobodnyh
Splotila navyeki vyelikaya Rus’!

CARALHO, CÉREBRO, ESSA NÃO É A MARSELHESA!

Eu gosto do hino da União Soviética por causa da cena iconica do filme Caçada ao Outubro vermelho na qual o Sean Connery declara aos marinheiros sob seu comando “Today, we shail into hishtory!” e um deles puxa o hino e todos começam a cantar. Eu só sei de cor os dois primeiros versos. Já a Marselhesa eu conheço de cor desde os 16 anos, que foi quando eu comecei a estudar francês.

Mesmo assim, a Torre de Babel que está localizada no centro do meu Palácio Mental insiste em fechar a porta do francês e enfiar russo na minha cabeça quando eu quero pensar num dos hinos nacionais mais fodas já criados.

Mein Französisch has gone à merda…

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