Variações sobre a borboleta e a macroblogagem

Tô aqui com o Chiro no colo no que se tornou rotina diária e pensando em blogs e redes sociais – ou antissociais, pra falar a verdade.

Vai ser um post do tipo rant, já vou avisando.

O Chiro é meu gato mais recente – antes dele veio o Snow e depois a Luna, e eu já comecei um post de fatos sobre o Chiro que eu nunca terminei. Um dia, quem sabe. O Chiro tem uma rotina diária que consiste em acordar da soneca da tarde, pedir comida e subir no meu colo. A gente montou uma caminha king size na sala enquanto não tem sofá, e um dos dois humanos deita nela pra servir de cama pra ele. É neste estado que eu me encontro agora.

Eu pensei em escrever isso enquanto dava uma reminiscida em como era postar em blog quando eu comecei – 2006? 2007? Nem lembro mais. Eu sou dinossaura de blog, já tive uns quatro ou cinco. Naquela época tinha que ter computador e eu ia em lan house pra escrever. E arrumar layout era na unha, montando template com HTML e CSS (que eu sempre chamei de cascade shit style porque mexer naquela merda é um saco). Mas nunca fui blogueira famosa porque

  1. Eu não tinha graaaaaande alcance, nunca tive;
  2. Nunca tive blog temático;
  3. Nunca caí nas graças dos grandes blogs.

Não que isso importe, blog sempre foi legal. Daí vieram as redes sociais. Eu entrei no Twitter em 2009, e o mote do site era ser uma rede de microblogging. Ou seja, textão era pros blogs, textículos era pro Twitter.

Corta pra agora. É ridiculamente fácil criar um blog, tem trocentos serviços de blogging e dá pra postar do celular, que é o que eu tô fazendo agora. Também é ridiculamente fácil exercer a arte do microblogging porque além do Twitter tem pelo menos mais três redes sociais nesse estilo, e é basicamente obrigatório ter conta em pelo menos uma delas se você não mora debaixo de uma pedra.

E por que eu chamei de rede antissocial?

Porqu eu voltei pra idade da pedra. Não tenho conta em uma das redes, a conta de outra delas tá parada porque eu não sei usar aquilo – o handler da conta é horrível, tem arroba pra todo lado -, uma delas tá bloqueada no país e a que sobrou virou uma câmara de eco tal qual a que está bloqueada tinha virado. Os assuntos do dia, enquanto eu arrancava os cabelos por causa do gato #1 numa emergência veterinária, foram bets e meme de cantor sertanejo sendo procurado pra ver a bet nascer quadrada. Eu mutei as duas palavras referentes ao assunto do dia e a timeline simplesmente PAROU.

Muito do desânimo que eu relatei aqui no blog mais cedo tem a ver com isso. É ridiculamente fácil postar qualquer coisa em qualquer rede social ou serviço de blog, e a porra toda virou um negócio amorfo, parece quando eu tinha 16 anos querendo falar de música enquanto os colegas da escola estavam em outra vibe. Quer dizer, com blog não, os blogs morreram porque agora se faz textão em rede social que nasceu pra comportar textículo.

Aí pode chegar alguém e dizer “mas as pessoas postam o que querem, se não gosta é só não seguir”. Então. Eu lembro que a função do RT no Twitter evoluiu porque a gente queria repassar pra nossa própria câmara de eco o que vinha de outra pessoa, no melhor estilo “olha que massa o que essa pessoa falou”. Enquanto isso continua sendo verdade, o efeito da câmara de eco enterra qualquer coisa que não seja o assunto no momento. Pra poder ler alguma coisa na timeline, por exemplo, eu tive que mutar duas palavras. Apareceu coisa de, sei lá, uma hora atrás.

Isso me lembra bastante os shitposts do Twitter que eram especialmente lapidados pra gerar engajamento. O tal do algoritmo jogava pra galera e bam! viralizou. No site da borboleta tá igualzinho. A cadeirada do Datena no Marçal rendeu meme por dois dias, e por melhores que tenham sido, a câmara de eco tava ativada no modo full power.

No fim das contas, geral não quer voltar pro Twitter quando a suspensão acabar porque BAD ROCKETMAN e todas as cagadas que esse retardado fez no site. Então o site da borboleta realmente virou a casa dos tuiteiros exilados, com exatamente o mesmo tipo de comportamento. Já tem como postar vídeo, tem 300 caracteres por post, é suficiente pros exilados se sentirem em casa.

Ironicamente a minha vontade de escrever aqui tá ficando inversamente proporcional à minha vontade de interagir em rede social de microblogging. Os posts da borboleta são engolidos dentro da câmara de eco, os daqui ficam aqui, disponíveis por meio da página inicial do blog. Talvez eu até comece uma lista de termos multados pra poder ler a Schmetterling com mais frequência. O alcance é basicamente o mesmo, mas eu nunca escrevi pra ter alcance, mesmo…

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