Tem um ventinho à toa passando pela costa do país e o dia foi meio maluco cá pras bandas do meu endereço. No momento da elaboração deste post a energia caiu e voltou, o que gerou um estresse súbito devido ao fato de a TV ligar mais rápido do que a caixa de som. Mas divago.
Dois vasos de planta que estavam na minha janela foram suicidados mas passam bem. Eu abri a janela pra que o vento arejasse meu quarto e PUTA MERDA QUE FRIO. Trabalhei o dia todo com uma mantinha nas pernas, tal qual uma velha decrépita, e, velha decrépita que virei, aproveitei pra usar meu amado poncho azul.

Quase em frente ao meu portão há um poste que carrega uma perfeita emboloteira de fios de energia, telefone e internet. O vento bate ali e minha internet decide fazer cosplay de Neymar pela manhã. Um e-mail aberto a cada cinco minutos, com poncho e tudo.
Daí chega a esperada hora do almoço. Tô com frio, tem um cantinho de sol na laje. Posto-me ali apenas para, em dois minutos, sair corrida pra dentro de casa porque PUTA MERDA QUE FRIO. Nem o astro-rei está sendo capaz de afugentar o sr. Zéfiro hoje.
O dia transcorre sem maiores problemas a não ser o assoviar de sr. Zéfiro e o barulho dele batendo por todos os lados. A janela ainda está aberta, porque eu adoro arejar os cômodos com a ajuda da natureza, mas já estou começando a ter second thoughts a respeito do número do andar no qual meu futuro apartamento está localizado – décimo nono, a propósito – porque meu sonho de velha decrépita é deixar as janelas – teladas – todas abertas pro vento ir até onde o sol não bate. Vai que o sr. Zéfiro apronte uma dessas de novo? Meus gatos vão sair voando lá dentro.
Acabou o expediente, eba! O Snow, meu gato, já tratou de entrar e reclamar até que eu o colocasse em cima do guarda roupa, porque o pobrezinho não tá podendo nem com vento, nem com frio. Fica aí, meu filho. Subo pra casa da minha mãe: mal coloco os pés no corredor e ouço o telhado da laje gritando em agonia, sendo estapeado, surrado e espancado pelo sr. Zéfiro. A Luna, a gata da minha mãe, nem se atreve a sair, e o Chiro, meu outro gato, só quer o meu colo, porque ainda tá frio e as patinhas dele são sensíveis.

Lá no começo do post a luz tinha caído e voltado. Pois bem, eu parei com a escrita dessas eólicas linhas pra ir ajudar mamãe a diminuir um pouco o sofrimento das telhas – e dela, que ficou aqui o dia inteiro ouvindo a surra. Lá vai eu com minhas meias de plush, minha papete Kenko Gea e meu poncho azul trepar numa cadeira e posicionar alguns caibros estrategicamente em cima do telhado. Chiro, como um bom gato velho e besta, seguiu a nós duas e foi pra cima do telhado. VOLTA AQUI, CHIRO! mas não adiantou, ele foi curtir a brisa. Volta pra dentro, telha apanhando, volta pra fora, sobe no muro, mais uma tábua em cima do telhado.
Se fosse só o vento acho que eu nem ligava. Mas PUTA MERDA QUE FRIO. Acho que o inverno resolveu sair de casa só agora e aproveitou pra despencar toda a temperatura com requintes zefirísticos.